domingo, 3 de maio de 2009

são múltiplices olhares...

são polinarradores!!!

eu os vejo por todos os lados, mas, entretanto,

os escuto de uma só boca e de uma só orelha...

eu vejo mais do que escuto!

e por isso sinto mais com meus olhos,

e vivo mais com o olhar do que com as palavras
falo e expresso mais com os olhos

a boca que diz, a palavra que sai, o som que
escuto é extensão desse corpolhar que em mim
é tudo...

Ver precede o conhecimento!

grego sou!!!

Se um dia partires rumo a Ítaca, faz votos de que o caminho seja longo, repleto de aventuras, repleto de saber. Nem Lestrigões nem os Ciclopes nem o colérico Posídon te intimidem; eles no teu caminho jamais encontrarás se altivo for teu pensamento, se sutil emoção teu corpo e teu espírito tocar. Nem Lestrigões nem os Ciclopes nem o bravio Posídon hás-de ver, se tu mesmo não os levares dentro da alma, se a tua alma não os puser diante de ti. Faz votos de que o caminho seja longo. Numerosas serão as manhãs de verão nas quais, com que prazer, com que alegria, tu hás-de entrar pela primeira vez num porto para correr as lojas dos fenícios e belas mercancias adquirir: madrepérolas, corais, âmbares, ébanos, e perfumes sensuais de toda espécie, quando houver de aromas deleitosos. A muitas cidades do Egito peregrina, para aprender, para aprender dos doutos. Tem todo o tempo Ítaca na mente. Estás predestinado a ali chegar. Mas não apresses a viagem nunca. Melhor muitos anos levares de jornada e fundeares na ilha velho, enfim, rico de quanto ganhaste no caminho, sem esperar riquezas que Ítaca te desse. Uma bela viagem deu-te Ítaca. Sem ela não te ponhas a caminho. Mais do que isso não lhe cumpre dar-te. Ítaca não te iludiu, se a achas pobre. Tu te tornaste sábio, um homem de experiência, e agora sabes o que Ítaca significa."

Ítaca Constantine P. Cavafy (*)Tradução de Alexandre Raposo

(*) Cavafy, um dos mais proeminentes poetas gregos, nasceu em 29 de abril de 1863 e morreu na mesma data em 1933, em Alexandria, no Egito. Segue uma nota biográfica escrita pelo próprio poeta: “Sou de Constantinopla por descendência, mas nasci em Alexandria, em uma casa à rua Seriph. Fui embora muito jovem, e passei a maior parte de minha infância na Inglaterra. Posteriormernte, visitei este país como adulto, mas por um breve espaço de tempo. Também vivi na França. Durante minha adolescência, morei dois anos em Constantinopla. Faz muito tempo desde que visitei a Grécia pela última vez. Meu último emprego foi como guarda-livros em uma repartição pública do Ministério de Obras Públicas do Egito. Sei falar inglês, francês e um pouco de italiano.”

as relações possíveis...


o ciclope polífemo




a ninfa circe

...as relações possíveis,

as relações poéticas* possíveis quais as possibilidades de transtextualidade que uma obra em relação a outra poderá realizar, pensando, que uma terá como origem, ou referência, essa outra a qual denominamos de "original"?

nessa relação de apropriação, parte-se de uma linguagem literária para uma visual e, a partir dessa, tenta-se construir ou transfomar a obra literária em outra obra... na realidade, o que se tentará fazer é uma outra coisa, outra maneira de ver a original. a história será contada pela boca ou pelos olhos de outro sujeito que não o autor...
a obra se expande deixa seu lugar de origem e passa a transformar-se, 'continuando' em outros espaços, outros lugares, estranhos ao seu, mas, que por isso, torna-se-á, por isso, muito rica e abrangente.

a obra ainda será a mesma, em seu lugar, entretanto, com esse processo ela apresenta uma possibilidade poética de transliterar a linguagem verbal de um texto literário para o código visual, ou seja, ler um texto visualmente, não como cópia, pelo contrário, a continuidade da obra em outra...

*poético: aqui quer dizer dos significados ou das características que extrapolam sua significação 'estrita' semântica, que transcendem sua forma e seu significado original












quarta-feira, 8 de abril de 2009

corpo gritante da visão


o braço

os músculos

os nervos

os dentes

o suor

a pele
os pêlos
o crânio
a genitália
o sangue
a secreção
a estrutura
o espaço que o circunda...

o navegar estático, não é do que se move, mas,

daquilo que se moverá e, o que o 'ser' movimenta, entretanto,
não é aquilo que se vê, mas, aquilo que se verá!






a dormência


o olhar em repouso na literatura ou, na língua falada, diz, daquilo que se vê, e fala, muito mais das coisas vistas, do que das coisas faladas, ou seja, a escrita
é a do olhar ainda mais do que do falar...

nessas andanças que os corpos fazem nas diversas empresas que esses empreendem pelas linguagens,

escrevem olhares...

sua escritura é do ver, do olhar...